A expectativa de vida no Brasil subiu para 76,8 anos em 2020, segundo o IBGE.
Até final de 2020 no Brasil a população com mais de 60 anos era de 14%, cerca de 31 milhões de pessoas. A projeção para 2050 é que passem a ser 64 a 67 milhões de brasileiros, um idoso a cada cinco pessoas.
A ONU declarou que 2021 é o início da década do envelhecimento saudável.
Estes dados têm chamado a atenção do mercado da saúde, turismo, lazer, construção civil, das universidades, entre outros, para uma economia voltada a este grupo, conhecida como Silver economy, mercado grisalho ou mercado prateado.
As mulheres brasileiras vivem em média 7 anos mais que os homens, enquanto em outros países essa média cai para entre 4,5 e 5 anos, porém as brasileiras normalmente apresentam problemas de doenças crônicas, osteoporose e perdem força muscular.
Gerontologia é a área da saúde que estuda o processo de envelhecimento em suas dimensões biológica, psicológica e social. O maior especialista brasileiro em gerontologia é o médico PHD Alexandre Kalache. Esta especialidade tem formado profissionais de diversas áreas para atender este público promissor e numeroso, relativamente recente na história do Brasil. Na arquitetura a área voltada para este grupo é conhecida como Geros Arquitetura.
Um estudo científico publicado em 2018 mostra que os idosos que moram sozinhos no Brasil são principalmente mulheres, pessoas mais pobres e mais idosas, seus hábitos alimentares são piores se comparados a idosos que moram com a família, têm mais necessidades de saúde e comportamento sedentário.

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Indivíduos de baixa renda estão optando ou sendo levados a viver sozinhos na velhice. Esta condição afeta principalmente as regiões geográficas mais ricas do país. O Sul e o Sudeste tiveram uma proporção maior de pessoas idosas vivendo em domicílios unipessoais do que as regiões brasileiras mais pobres (Norte e Nordeste). Essas regiões também têm um índice de desenvolvimento humano mais alto, maior expectativa de vida e proporção de pessoas idosas.
O estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, tem quase 18% de sua população com idade acima de 59 anos; enquanto os estados do norte (como Roraima e Amapá) têm piores índices socioeconômicos e apenas 8% dos idosos em sua população.
A Disautonomia é um transtorno provocado por alterações do sistema nervoso autônomo, é mais frequente nas mulheres. Ocorre, por exemplo, quando: depois de ter permanecido muito tempo em pé, caminhando muito devagar, ou levantado da cama de repente, a pessoa é tomada por uma sensação de desfalecimento, porque o retorno venoso para o coração se torna mais lento e menos oxigênio chega ao cérebro.
Acidentes domésticos como quedas devido a disautonomia ocorrem com frequência no percurso entre o quarto e demais cômodos da casa como banheiro, cozinha e sala, normalmente a queda ocorre nos corredores. Medidas simples como fixar barras de apoio nos corredores e barras nas laterais do colchão podem evitar quedas e ajudar a pessoa a se levantar da cama.
Parâmetros visuais
A capacidade visual é a capacidade de diferenciar detalhes de objetos em relação à distância do observador. Diminui com a idade, a partir dos 60 anos cai para 75% e a partir dos 70 anos para 60%. Exames de vista feitos em consultórios oftalmologistas mostram as deficiências da visão quando verificada a nitidez com que o paciente percebe as letras apresentadas à distância.
Efeito túnel ocorre quando estamos a um certo tempo sem a presença de luz e, de repente, somos ofuscados por uma fonte de luz. Para pessoas idosas, essa exposição à luz repentinamente pode representar sérios riscos de acidentes graves. É recomendável instalar balizadores de luz próximos aos rodapés com sensor de presença principalmente nos corredores.
É importante usar iluminação adequada em todos os ambientes da edificação. O ideal para cômodos residenciais em geral, incluindo garagem, corredores, escadas são 150 lux, além de usar pisos antirreflexo e evitar revestimentos tridimensionais nas paredes e principalmente nos pisos, pois podem causar confusão mental em pessoas de baixa visão.
As bancadas de pias de cozinha, lavanderia e banheiros devem ter contraste com utensílios para evitar acidentes.
A medição do contraste visual é feita através do LRV (valor da luz refletida) na superfície. O LRV é medido na escala de 0 a 100, sendo que 0 é o valor do preto puro e 100 é o valor do branco puro.
Parâmetros auditivos
Um som é caracterizado por três variáveis: frequência, intensidade e duração. O ouvido humano é capaz de perceber melhor os sons na frequência entre 20 Hz e 20 000 Hz, intensidade entre 20 dB a 120 dB e duração mínima de 1 s. Sons acima de 120 dB causam desconforto e sons acima de 140 dB podem causar sensação de dor.
Parâmetros arquitetônicos e de interiores
Empunhadura das mãos- Corrimãos e barras de apoio devem estar afastados no mínimo 4cm da parede. Devem ter seção circular com diâmetro entre 3 e 4,5 cm.
As maçanetas devem preferencialmente ser do tipo alavanca, possuir pelo menos 10 cm de comprimento, ter distância mínima de 4 cm da superfície da porta. Devem ser instaladas a uma altura que pode variar entre 0,80 m e 1,10 m do piso acabado.

Os corrimãos devem ser instalados em corredores, rampas e escadas em ambos os lados a 92 cm do piso.
A largura ideal para o corredor deve ser 1,20m, pois o idoso pode precisar andar com um cuidador ao lado, caso não seja possível deve ter ao menos 90 cm de largura.
No box do chuveiro o ideal é ter cortina para facilitar os movimentos do usuário e de um eventual cuidador. Caso a preferência seja por vidro temperado que seja laminado, pois a película impede que estilhaços caiam caso seja quebrado. Prefira sempre chuveiro com chuveirinho.
Barras de apoio devem ser instaladas em uma ou duas paredes do box, se for possível instale um banco retrátil também. Todas as barras de apoio utilizadas em sanitários devem resistir a um esforço mínimo de 150 kg. A largura mínima dos assentos para obesos é de 75 cm e devem suportar uma carga de 250 kg.
Todas as portas da edificação devem, preferencialmente, ser de 90cm. Caso não seja possível o mínimo admissível é de 80cm, mesmo as dos banheiros. A porta de acesso ao banheiro deve abrir para fora do ambiente, caso a pessoa precise ser socorrida mesmo estando próximo a porta não corre o risco de ser machucada durante o salvamento. Não sendo possível inverter a porta nunca se tranque no banheiro.
Capachos, carpetes e tapetes devem ser evitados, quando existentes devem ser firmemente fixados ao piso com fita dupla face, serem presos sob móveis, embutidos ou sobrepostos e nivelados de maneira que eventual desnível não exceda 5 mm.
As superfícies não podem ter enrugamento e as felpas ou forros não podem prejudicar o deslocamento das pessoas. Evitar tapetes com pelos altos e obstáculos nos percursos de circulação (ex.: mesas de centro, mesas laterais). Se forem inevitáveis, que tenham cantos arredondados.
Sofás, poltronas e cadeiras não devem ser muito profundos. O ângulo dos joelhos deve ser igual ou maior que 90º medidos com as plantas dos pés totalmente em contato com o piso para evitar grandes esforços ao sentar-se e levantar-se.
A altura dos ombros do usuário serve como parâmetro para sustentar o peso. Evitar mobiliário mais alto que 1,20m pois pessoas idosas têm dificuldade de sustentar objetos pesados devido a perda de massa muscular. Evitar puxadores de barra em móveis, dar preferência a puxadores externos ergonômicos.
Tudo o que estiver entre 80cm e 1,20m fica confortável para manusear, isso inclui vasos de plantas.
Parâmetro de segurança e alerta
Existem no mercado diversos dispositivos de monitoramento de pessoas, alguns são botões de pânico instalados em ambientes específicos como: quartos e banheiros; outros parecem controles remotos que devem estar constantemente com o idoso.
São resistentes à água e outros mais sofisticados que são usados como pulseira e são acionados pelo usuário pressionando-o durante alguns segundos ou disparam ao sofrerem um impacto como queda. Este denominado v.alrt pode ser comprado pelo site www.vsnmobil.com.
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12 respostas
Como é importante essa visão da arquitetura para inclusão e acolhimento dos idosos em todos ambientes, parabéns Arq Sheila pela abordagem!
Grata, Naima! Olhar com atenção para nossos idosos hoje é olhar para o nosso futuro!
Interessante abordagem! Parabéns.
Grata, Claudio! Teremos frequentemente matérias interessantes e atuais no site.
UAU! Eu não sabia nem a metade de todas essas informações. Parabéns pela matéria, arquiteta Sheila! Um dia, todos nós envelheceremos também.
Que bom que gostou, Cristiane! Fico feliz em trazer conteúdo que agrega conhecimento à vida das pessoas, afinal este assunto é muito pertinente, visto que convivemos com idosos e um dia também o seremos.
Muito relevante para nós arquitetos. Parabéns, Sheila!!
Grata, querida colega Giovana! Bom saber que a troca de informações técnicas entre profissionais qualificados é uma via de mão dupla.
Que importante perspectiva da arquitetura…De um modo geral, quando temos um idoso na família, vamos fazendo as adaptações em casa somente conforme as necessidades surgem. Ter um olhar mais universal em relaçâo aos moradores, independente da idade, humaniza ainda mais o convívio familiar. E que os novos empreendimentos se orientem pelos caminhos da Geriarquitetura.
É isso mesmo, Jenner! Podemos tomar ações preventivas e não apenas fazer adaptações paliativas. Esse é o fundamento do desenho universal. O ideal seria que fosse aplicado em toas as edificações (comerciais, institucionais e residenciais). Grata pelo comentário!
Ótima matéria! Eu também não conhecia a maioria das informações e achei incrível. Que bom que existem tais medidas pra proporcionar autonomia aos idosos! Parabéns, Sheila!!
Grata, Cássia! Fico feliz em trazer informações importantes para dar mais atenção à população idosa de nosso país, afinal será em breve um fenômeno inédito na história do Brasil a numerosa quantidade de idosos como parte da população. Nossos espaços devem estar preparados para quando acontecer.